SPFW 15 anos: as lembranças de quem faz parte da história do evento

O São Paulo Fashion Week fecha seus primeiros quinze anos e, nesta 31ª edição, o clima é de comemoração. O FFW perguntou para quem faz parte da história do evento quais as principais lembranças de cada um e o que eles esperam para os próximos 15 anos.

Paulo Borges, diretor criativo do SPFW

´´São tantas lembranças! Sempre penso em várias coisas, mas tem uma lembrança que vai ser muito forte pra mim, que no primeiro dia de uma edição do SPFW minha mãe morreu. Foi forte, uma perda significativa na minha vida, um momento de mudança. Já tinha perdido meu pai, estava rompendo os laços maternos, foi um momento importante. Foi uma edição que eu praticamente não vim, assisti de casa. Espero que tudo fique melhor, maior, com mais negócios pra moda brasileira, que apareça mais gente bacana pra trabalhar, pra criar´´

Graça Cabral, diretora do SPFW

´´A minha lembrança é que a gente achou que não ia chegar nesse ponto e tudo o que me lembra é trabalho, esforço, tudo é movido a paixão e quando a gente faz o que gostamos e conseguimos envolver mais gente em volta disso e acreditar, a gente consegue chegar lá. E espero que as pessoas continuem trabalhando e acreditando e fazendo as coisas por amor e com confiança, que assim elas vão ser legais´

Gloria Kalil, consultora de moda

´´A lembrança mais marcante, porque foi um marco inicial para nós do site, foi o primeiro ano do Chic, em 2000, e fomos fazer o São Paulo Fashion Week, mas não tinha internet na sala de imprensa. Dez anos atrás não tinha internet e nós tivemos que alugar um ônibus que era uma estação de internet e lá era nossa redação. Então a gente vinha correndo assistir os desfiles, descia todo mundo correndo e íamos para lá. A gente ia no backstage e pegávamos o Alexandre Herchcovitch, o Tufi Duek, o Renato Kherlakian e fazíamos eles saírem do pavilhão até o ônibus, para ver as fotos dos desfiles que tinham acabado de acontecer na tela e eles ficavam encantados, achavam incrível. O calendário fez com o que o país passasse a existir como uma possibilidade de moda. Eu espero que essa possibilidade se transforme de fato em um mercado e que a moda brasileira passe a existir no mundo. Porque, por enquanto, o mundo está muito encantado com a idéia do Brasil, mas não é ainda com a moda brasileira´´

Augusto Mariotti, diretor de conteúdo do Fashion Rio e do SPFW

´´Até hoje eu tenho em mente um desfile do Ronaldo Fraga em homenagem a Zuzu Angel, que tinham umas músicas da época da ditadura, e foi um desfile que me tocou. Não vivi aquela época, mas ele conseguiu me fazer mergulhar naquele momento que eu nem tinha vivido, saí tocado da sala, pensando sobre o assunto. E espero que a gente tenha muitos jovens estilistas, bons estilistas, com negócios consolidados, que haja oportunidade, que os empresários de moda olhem para os próximos designers e apostem e invistam nessas pessoas, porque eu acredito que a criatividade é o que faz diferença, de fato, para o Brasil ser competitivo mundialmente´´

Lula Rodrigues, editor de moda

´´Minha principal memória são as coletivas de imprensa, em que, sempre o que o Paulo (Borges) promete, ele cumpre na edição seguinte. Sem SPFW não tem desfile, não tem tendência e ele sempre cumpre o combinado para melhorar o evento. Espero que, nos próximos anos, o prometido seja cumprido, porque assim, vamos conquistando a cultura de moda no Brasil´´

Erika Palomino, editora de moda

´´Eu penso na coleção que acabou com a ciranda do Alexandre Herchcovitch, das meninas de mãos dadas em volta da grama e, sem dúvida, na coleção do Ronaldo Fraga em homenagem a Zuzu Angel, que foi a primeira volta da moda brasileira para a cultura brasileira, foi a primeira vez em que se olhou para a moda brasileira de modo reverencioso. Agora a gente não precisa se travestir de verde e amarelo, a gente precisa olhar para o que a gente é sem explicitar de um jeito óbvio e sem caricatura, com a brasilidade no próprio DNA, ter isso no corpo brasileiro. A brasilidade dos estilistas brasileiros está como na gente, consumidor, tá no nosso corpo, na nossa alma´´

Paulo Martinez, editor de moda da MAG!

´´Foi um desfile do Renato Loureiro, em que as roupas eram todas verde e amarelas e a trilha era inteira com músicas de protestos, dos anos 70. Os desfiles do Renato sempre foram caretas, e esse momento de passar um recado foi uma quebra do que ele sempre fazia. Espero que nos próximos anos, as pessoas tenham mais coragem e mais educação´´

Maria do Carmo Ferreira, camareira

´´Nesses 15 anos, foi a coleção passada da V.Rom, que eles reuniram todos os modelos antigos que começaram mocinhos. Ficamos muito emocionadas em ver os veteranos, um momento de lembrança, fiquei muito emocionada. Sou da equipe da Meire Maron e recordamos todo aquele momento de antigamente´
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Costanza Pascolato, consultora de moda e empresária

´´Minha mãe desfilando, no desfile da Zapping, ela desfilou como rainha da moda. Não espero nada... não vou estar aqui [risos]. Vou estar no céu olhando pra vocês [risos]´´

Marcelo Soubhia, fotógrafo da Agência Fotosite

´´Uma lembrança que guardo é a do final da temporada de Inverno 2009, que teve uma chuva de bolas no meio da Bienal, ´´Alegria Alegria´´. Outro episódio que acho que vou guardar é o desfile do Ronaldo Fraga desta temporada. Espero que nos próximos 15 anos, a gente continue a trabalhar por aqui, com o trabalho crescendo e sendo cada vez mais reconhecido´´