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A diretora da Vogue, Daniela Falcão, com Donata Meirelles e Bruno
Astuto, diretora de estilo e colunista da revista, respectivamente, no
desfile couture da Chanel, nesta terça-feira (03.07) em Paris |
Dia 2 da semana de couture (são só 3, mais um dia de apresentação
apenas de haute joallerie), ufa… E eu que achei que porque estava de
férias tudo seria mais tranquilo… Bom, apesar das minhas boas intenções e
de ter pedido para ser despertada às 7h para dar a corridinha de lei
nas Tuileries, preciso admitir que o sono de deu um nocaute. Só acordei
8h20, já meio atrasada para um café da manhã no
Ritz com
Anna Harvey e
Alexandra Harnden,
minhas diretoras editoriais que vivem, respectivamente, em Londres e
Paris. Sempre que estou aqui para os desfiles, damos um jeito de bater
um papo. E apesar de ter atrapalhado minha corridinha no parque,
convenhamos que café da manhã no Ritz não é assim um fardo. Primeiro
porque o hotel é lindo e vai fechar para uma reforma de dois anos, então
qualquer chance de passar por lá para guardar na memória está valendo.
Segundo porque
Anna Wintour fica lá, e
Franca Sozzani,
Anna Dello Russo,
Peter Marino,
Nick Knight e mais uma penca de
big names da elite da moda (
my boss Anna Harvey incluída). Isso sem falar em
Gwyneth Paltrow,
Madonna
e quem mais der as caras pela cidade nesses dias – no meu hotel, por
outro lado, uma penca de adolescentes franceses montaram acampamento
atrás do um
snapshot de uma banda chamada… The Wonders… Ou algo com W, de que não me lembro mais.
Bom, o café durou uma eternidade, mas foi ótimo. Colocamos vários
assuntos em dia e quando acabou só deu tempo mesmo de dar uma passada
express na livraria
Galignani pra comprar a versão americana do
Fifty Shades of Grey.
Imagine minha cara de envergonhada tendo que pedir para vendedores que
são verdadeira sumidade em livros de arte, moda e arquitetura onde
ficava um
paperback que fez fama no mundo inteiro por inventar o termo
mummy porn. Nunca ouviu falar? Bom, então espera pra saber minha opinião na Vogue de agosto.
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Chamado de 'New Vintage', o desfile da alta-costura de inverno 2013 da Chanel | | |
De volta a Paris, feita a compra da “obra prima” tive de voar pra
Chanel, porque não queria me atrasar. Cheguei ao mesmo tempo que
Donata Meirelles e
Bruno Astuto, se tivéssemos combinado não haveria tanta sincronia.
O desfile foi na parte de cima do Grand Palais, bem menor, com jeito de chá da tarde num palácio neoclássico de paredes cinzas.
Petit fours e champanhe nas mesas, naquelas taças antigas com borda
aberta, perfeitos para transportar para você para longe dali. No caminho
até a sala de desfile, mil camélias
fake iguais às que os
vendedores colcoam enfeitando as sacolas quando você faz compras por lá.
Bruno quase chora, se você conhece a figura, sabe do que estou falando.
O desfile couture de inverno 2013 da Chanel
começou com o casaco de tweed desconstruído em estilo mendigo
(literalmente, vários remendos em patchwork podrinho de propósito) em
variações de rosa, cinza e preto… Todo o desfile meio que flutuou nessa
cartela, com direito também a furta-cor e branco, por isso prepare-se
para daqui a seis meses se deparar com araras lotadas de rosa bebê
combinado com cinza nas araras da Zara da vida. A parte mendigo
entretanto, se limitou ao início do desfile, e depois
Karl Lagerfeld
deitou e rolou em vestidos maravilhosos e conjuntos de terno idem, com
brilhos pontuais e bem-vindos, afinal, é couture e a gente gosta.
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La Choupette, a bolsa da maison francesa que leva o nome do gato de Karl Lagerfeld | | | |
A nova bolsa é toda de lã e bem mole, foi batizada de
Choupette em homenagem ao gato de Karl e, segundo lembrou
Sophia Alckmin, que também assistiu ao desfile, lembra muito a
Falabella, bolsa recente de
Stella McCartney.
Mas Karl é kaiser e aqui ninguém fala em cópia… O que se fala mesmo é
em sua obsessão pelo tal gato – gato no sentido literal, um animal que
ele ganhou de presente há menos de um ano e que virou objeto de toda sua
afeição. Segundo
Suzy Menkes me contou mais tarde numa rodinha animada por
Bandana Tewari, da
Vogue India, Karl está monotemático e chegou a fazer confissões embaraçosas a ela sobre sua nova paixão…
Too much information.
De lá fomos almoçar com
Marie Laure Clos-Solari e
Nathalie Rumpf, as PRs da
Chanel, no
Le Matignon. Fiquei sabendo que a
Evelyse Britto, que nos últimos dois anos foi diretora-geral da Chanel no Brasil, deixou o cargo para se juntar à
Tory Burch,
que tem planos ambiciosos de conquistar o Brasil (e qual marca
internacional hoje em dia não tem essa ambição?). Em seu lugar, assume
uma diretora de moda dos quadros da Chanel na França, mas que estava no
Canadá atualmente, onde a Chanel vai muito bem, obrigada.
Sandrine é seu nome, uma senhora simpática e a cara da Chanel, que já está sendo ciceroneada em São Paulo por
Cicila Street, a eterna diretora de boutique da grife, desde os tempos da Daslu.
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Nos desfile de Stéphane Rolland, quem roubou os flashes foi o casal Kanye West e Kim Kardashian | |
De lá fomos eu e Sophia Alckmin para o desfile de
Stéphane Rolland, um nome tradicional da couture aqui, amado pelas poderosas do Oriente Médio, que faz de fato ótimos vestidos para o
red carpet, ora fluidos com muitos babados, ora cheio de volumes esculturais. Donata foi almoçar com Cicila e amigos (e o
Nizan Guanaes!), Bruno cuidar de sua participação superespecial no programa da
Ana Maria Braga.
Apesar do atraso e do calor insuportável na sala de desfiles no
Trocadero, foi um belo show… Pena que o que todo mundo vai lembrar
amanhã é da entrada apoteótica de
Kayne West e
Kim Kardashian no meio do desfile, roubando todas as atenções. De lá o casal foi para o
L’Avenue, carregando uma penca de paparazzi na cola. A gente viu tudo porque estava na
Céline, ali do lado. Não resisti, quebrei a promessa e comprei a bolsinha 3 em 1 que namoro desde a
saison passada, agora maior (e mais cara) e em vinho. Bom,
c´est la vie… Não dava para vir a Paris e não fazer nenhuma comprinha (ok, ontem já havia arrematado uma
thong da Burberry, mais foi uma pechincha, com liquidação de 50%!).
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Na Armani Privé, uma coleção que começou no dia e terminou na noite. Na fila A, Roberta Armani recebeu Sophia Loren |
Bom, a essa altura já tinha encontrado a Donata e fomos para
o desfile da Armani Privé. Já na porta
nos deparamos com Sophia Loren e
Zoe Saldana, as grandes estrelas do show no quesito celebridades. Sophia sentou ao lado de
Roberta Armani,
a filha de Giorgio que hoje toca o business e o estilo da grife do pai.
O show me surpreendeu, afinal Armani entrou na couture recentemente e
seus desfiles de prêt-à-porter fazem mais a linha básico chique. Já
tinha assitido a uma apresentação de couture e achado básica demais, mas
esta surpreendeu com vestidos e calças (elas de novo, haja festa de
gala com calça no próximo inverno europeu!) que iam da manhã (rosa e
azul bebê, olha o tom da Chanel de novo) para o fim da tarde (com
fúcsia, furta-cor e roxo), até chegar a noite com vestidos de gala
riquíssimos e cheios de pedrarias, como deve ser na couture. Houve
vários aplausos no meio da apresentação, sempre que entrava um vestido
mais uau… A divisão dos looks lembrou o que a
Osklen
fez em seu desfile. Roberta Armani estava exultante e, de fato, foi uma
bela apresentação. Usaria vários daqueles looks, sobretudo os da tarde
(havia uma jaqueta estilo Chanel toda de pedrarias bordadas que eu iria
encomendar no backstage mesmo, se tivesse cacife para isso).
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Baguette, o icônico modelo de bolsa da Fendi, virou um livro que foi
lançado na Colette. Por ali, Silvia Fendi, Olivia Palermo e seu
namorado, mais biscoitinhos no formato da it bag |
De lá fomos para a
Colette, onde
Silvia Fendi recebeu poucos e bons para o lançamento do livro Baguette pela Rizzoli,
contando a história da it bag mais clássica da marca, que agora voltou
com tudo. Chegamos cedo e foi ótimo porque deu para conversar muito com
Silvia e mais todo o time da
Fendi. Pensei em levar a t-shirt que o
Karl Lagerfeld desenhou especialmente para a Colette, com várias baguettes desenhadas, iria dar de presente para
Yasmine Sterea,
nossa super fashion editor que se casa neste sábado, mas o preço estava
proibitivo, mesmo para alguém que vai carregar a culpa de faltar à
cerimônia como eu… Tudo em nome da moda.
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Catherine Baba, ao lado de Bruno Astuto, lançou sua coleção de bijoux, enquanto a top Anja Rubik lançava sua 25 Magazine |
Na mesma Colette havia ainda o lançamento das joias da exótica stylist australiana
Catherine Baba para a
Gripoix (
Vogue
já deu, você leu?). As joias são bijoux com preços meio salgados, mas
Baba argumentou que faz cada peça ao gosto do freguês, no espírito da
couture. Então ok, né? A top
Anja Rubik também estava lançando sua
25 Magazine na mesma noite, então imagine que todo mundo passou pela Colette. Do estilista sensação
Haider Ackermann a
Olivia Palermo,
Delfina Delettrez e
Bianca Brandolini. Catherine Baba,
by the way, fez styling especial para a
Vogue Brasil, num belo ensaio clicado em Cannes pelo nosso
Philippe Kliot. Confira em breve!
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Para brindar sua primeira boutique dedicada à joalheria, na Place
Vendôme, a Louis Vuitton fez megajantar no Ritz. Vesti um Prada e fui.
Na nossa mesa, Priscila Monteiro, da LVMH; Bruno Astuto; Donata
Meirelles (de Givenchy) e Bianca Benoliel |
Bom, não pude ficar no coquetel o quanto desejava, porque hoje foi a abertura da primeira boutique de haute joallerie da
Louis Vuitton na Place Vendôme, com direito a jantar na piscina coberta do spa do
Ritz, seguido de show do
Jamie Cullum. Todo mundo que você imaginar passou por lá, das
Courtin-Clarins sisters a
Sofia Coppola,
Catherine Deuneuve,
Natalia Vodianova e a princesa
Charlene de Mônaco (Bruno quase morre). A boutique é de
Peter Marino,
chique e arrojada como quase tudo o que ele faz. O jantar foi uma
delícia, sentamos com a equipe de PR do Brasil, e os vinhos, vejam só,
eram do
Chateu dÝquem, badalada vinícula do grupo
LVMH. Amanhã começa tudo de novo… se deus quiser, com meu jogging nas Tuileries! (
DANIELA FALCÃO)
MAIS: Abaixo, confira os relatos de Paulo Mariotti e Alline Cury, correspondentes da
Vogue Brasil em Paris, sobre os desfiles de Alexandre Vauthier e
Julien Fournié, e a visita ao ateliê da Christian Dior.
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O francês Alexandre Vauthier apresentou sua couture de inverno 2013 no Musée d'Histoire Naturelle |
O francês
Alexandre Vauthier apresentou no
Musée d’Histoire Naturelle
uma coleção extremamente feminina onde as assimetrias, os tecidos
fluidos e a forte presença do dourado foram os pontos fortes. Entre
vestidos curtíssimos, calças saruel de cintura alta, macacões
acinturados e longos assimétricos, as peças de Vauthier esbanjam
sensualidade e glamour. Correntes douradas completam os looks, seja em
forma de colares, de cintos ou de pulseiras. Se os shapes flertam com os
seventies a associação dos nudes, brancos e dourados remetem a
uma estética orientalista. As peles estão novamente presentes na
coleção e reforçam o espírito
red carpet que já se tornou marca registrada do estilista. Na fila A,
Chris Pitanguy
parecia entusiasmada com a coleção e, se conheço bem o gosto das
brasieliras, as peças do francês devem aparecer em breve nas festas do
grand monde nacional.
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A coleção de Julien Fournié, com uma feminilidade teatral e acento eighties |
Gráficas, futuristas e supercoloridas, as silhouetas de
Julien Fournié
são feitas para chamar a atenção. Os magentas, amarelos ácidos, azuis
cobalto e lilazes contrastam com o preto – fosco, transparente ou
coberto de paetês. As saias e os vestidos predominam nessa coleção que
aposta numa feminilidade teatral com sotaque anos oitenta e festivo.
Fournié faz parte dessa jovem geração de estilistas que acredita numa
moda lúdica e não tem medo de dizê-lo em alto e bom som. (
PAULO MARIOTII)
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Para terminar, Rosangela Lyra fez visita guiada pelo ateliê da Dior. Incrível! |
Fui com
Rosangela Lyra ver de perto a coleção da
Dior. Ao chegar, demos de cara com o
Raf Simons, que foi um querido e fez questão de cumprimentar um a um. Batemos um papo rápido sobre o desfile e ele se derreteu pra
Catherine Riviere
(diretora da haute couture), que lhe deu um buquê enorme de rosas.
Depois vimos os vestidos desfilados de pertinho, em umas das salas
superprivés que recebem as clientes de couture. Um privilégio. (
ALLINE CURY)