Casa de Criadores, dia 3

Opções para os mais diferentes gostos não faltaram no último dia da Casa de Criadores. Ao contrário dos desfiles de abertura, o público mostrou entusiasmo até o final das apresentações que tomaram conta do Museu Afro Brasil, nessa sexta-feira, 10 de junho.

Em ritmo de samba, a marca infantil de Silvia Ferraz trouxe um pouco da linguagem das crianças para a moda. Um vestido completamente confeccionado com papel semente (que pode ser plantado para gerar margaridas) chamou a atenção dos convidados.

Tons esmaecidos em itens que revisitavam a alfaiataria faziam parte da proposta para o verão de Luiz Leite. Todas as peças criadas pelo estilista eram 100% orgânicas e utilizavam tingimento natural, de plantas como o urucum e a anileira. Gabriela Sakate encerrou as apresentações do Projeto Lab com uma moda fresca e usável. “Para essa coleção, escolhi materiais como a sarja e o couro para conferir shapes estruturados em cores como baunilha, mostarda e off white”, explicou a designer.

Walério Araújo buscou inspiração nas típicas danças folclóricas do nordeste. Xaxado, maracatu e frevo apareceram na coleção aberta por Caboclos de Caça originais, vindos da cidade pernanbucana de Nazaré da Mata. O Leprechal, duende responsável por guardar o tesouro no final do arco-íris, foi o tema central do desfile de Danilo Costa, que apresentou 15 looks masculinos e nove femininos com uma cartela de cores bastante ampla.

Já Cynthia Hayashi desenvolveu suas peças a partir da beleza das pedras naturais e da reserva cristalizada no interior delas. Vestidos com paetês velados por chifon com toque de seda e miniboleros feitos de cristal formavam a coleção da estilista. O convidado do Dragão Fashion, Mark Greiner, fez uma retrospetiva dos seus 10 anos de carreira. Espinhos saltavam do rosto das modelos representando as dificuldades de sua trajetória, enquanto maçãs saiam do peito delas como símbolo do desejo.

Finalizando a noite de desfiles, a Sumemo, de Alex Poisé, trouxe seu universo rock’n’roll para a passarela com direito a som ao vivo de guitarra e participação de uma infinidade de celebridades, como Dudu Bertholini, da Neon, a contora Negra Li e o vocalista da banda CPM 22, Badauí. Caveiras, tachas e roupas esgarçadas vestiam os convidados da marca. “Fizemos algo mais elaborado nessa coleção, que foi inspirada em Venice Beach, onde morei” declarou Alex.

Casa de Criadores, dia 2

O segundo dia da Casa de Criadores começou com música africana no Parque do Ibirapuera e trouxe propostas ecléticas para o verão 2012. Apesar das duas horas de atraso, os estilistas despertaram a atenção do público presente no Museu Afro Brasil, na noite dessa quinta-feira, 9 de junho.


Iniciando o primeiro bloco de desfiles, o estreante Thiago Schynider abriu o Projeto Lab com uma coleção inspirada em animais marinhos. Comprimentos mini e formas arredondadas foram os destaques dos vestidos criados pelo estilista. Para os homens, muita transparência e modelagens enxutas. A grife Jacinto, de Gláucio Paiva e Douglas Pranto, investiu em uma mulher forte, de gosto masculino e aparência sofisticada. Calças amplas e pregueadas apareceram junto de camisas e coletes com recortes de quimono, flertando com a cultura oriental. Destaque para as peças de poá bordadas com miçanga, que deram ainda mais leveza à coleção.


Anna Paula Osório, da O.sório, também apresentou pela primeira vez sua coleção na Casa de Criadores. Inspirados em “tudo o que é vivo e pulsante”, como a própria estilista explicou, os looks tinham estampas que lembravam veias e artérias e os acessórios eram como corações humanos. Quem encerrou o Projeto Lab foi a Juss, que fez uma moda orgânica e suave, com roupas masculinas leves e confortáveis para o verão.


No line-up principal, Weider Silveiro abriu a exibição com pitadas latino-americanas às peças femininas, de shapes ora justos, ora amplos. Tons de rosa chiclete, menta e azul céu ditaram a moda do estilista, que apostou em plissados e franjas. O designer também investiu em peças de acabamento tecnológico, como os coletes resinados.


Um universo frio que descobre o verão de forma inesperada. Esse foi o ponto de partida da coleção de Ale Brito. O couro reinou soberano em peças desconstruídas de pegada rocker. Tudo parecia ter sido recriado a partir de uma peça já existente, como os vestidos que lembravam jaquetas e possuíam os bolsos em formato de mangas. Formas assimétricas e pontos de cor estratégicos deram um toque sensual às novatas da estação.


Arnaldo Ventura deu ares fashionistas ao Lampião e à Maria Bonita. “Descobrimos que no cangaço eles costuravam as próprias roupas e as fabricavam com tecidos nobres”, explicou o estilista. Para transpor essa estética à cidade, Ventura investiu em boas saias longas e em vestidos de recorte inusitado, que incitavam as mulheres a fugir da mesmice. Angulosas, as criações escondiam somente o necessário, se mostrando reveladoras e ousadas. Para os homens, os destaques ficaram com as calças do tipo corsário, levemente abaixo do joelho e de modelagem justa.


O color blocking de Rober Dognani se opôs a excentricidade que costumava tomar conta das roupas do estilista. “Nessa temporada, quis fazer algo limpo e minimal, diferente do que trouxe nos últimos tempos”, disse. Com Alicia Kuczman no casting, Dognani foi fiel a proposta e desfilou criações limpas, de aparência longilínea e formas rígidas.


Para encerrar a noite, Chiara Gadaleta foi modelo e stylist da ação criada por Gustavo Silvestre. Ao invés do habitual desfile, o estilista preferiu apresentar um vídeo que pouco beneficiou suas peças. Posando ao lado de um amontoado de roupas (um alerta para a moda sustentável), Chiara modelou vestidos curtinhos de franja em cores como preto, branco e ocre.