A 29ª edição da Casa de Criadores começou nessa quarta-feira, 8 de junho, com novo fôlego. Depois de anos em parceria com o Shopping Frei Caneca, o evento mudou de endereço e montou sua passarela no Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera. A alteração foi benéfica: em vez de uma praça de alimentação e escadas rolantes, a natureza virou um dos cenários.
A nova locação também proporcionou mais espaço, agora as interessantes peças de graduandos do Senac podem ficar devidamente expostas – nesta edição, ainda há uma mostra de camisetas do concurso Casa de Criadores Contra a Homofobia. E o line-up se estendeu, contando agora com duas séries de desfiles por dia, em vez de apenas uma.
As ações mostram que o evento – que sempre incentivou novos estilistas a amadurecer, crescer e se profissionalizar – deixou um esquema engessado de lado e também está buscando ficar mais profissional.
Estudantes do Senac abriram a noite com um público estrelado: Gloria Coelho (cuja história profissional foi homenageada pela faculdade), Alexandre Herchcovitch e Andrea Matarazzo, secretário de Estado da Cultura, prestigiaram o desfile de dez formandos da faculdade. O júri premiou Ana Paula Souza como a estilista do ano. Mas, na segunda parte, quando os estilistas do line-up oficial se apresentariam, infelizmente o público minguou, deixando cadeiras vazias até mesmo na fila A.
Quem ficou até o fim viu ótimas propostas para o verão 2012. Karin Feller trouxe uma coleção inspirada em pássaros migratórios e cavalos selvagens. “Para traduzir a sensação de liberdade dos animais, apresentei peças fluídas, leves, vaporosas e com muito movimento”, disse. O navy apareceu na coleção em forma de listras e cordas. Destaque para o vestido de paetê bicolor, que ganhava reflexos cinza e verde.
A R. Rosner convocou as tops Vivi Orth e Alicia Kuczman para apresentar sua coleção inspirada no artista cinético Abraham Palatnik. Rendas (constante no trabalho da grife), pedraria, tule e brilho permearam as peças. As aplicações vieram exageradas (uma das calças pesava sete quilos), mas chegaram à passarela com leveza e feminilidade. “Demoramos quase 20 dias para fazer cada peça”, afirmou Rodrigo Rosner. O degradê do vestido de organza precisou de 27 tons para ser criado.
Ousadia define o verão 2012 de Jadson Raniere. O estilista olhou para o trabalho de Francisco Brennand, polêmico escultor que trabalha com formas fálicas. Para traduzir o conceito para a moda, Raniere alongou as peças e investiu em golas que ultrapassam os ombros. “Até nas peças femininas quis fazer um corte masculino”, disse. A cor base da cartela foi o bege. Látex e silicone formaram algumas das peças. Lady Gaga certamente aprovaria.
Em um mercado de moda onde as propostas de roupas para o público masculino são sempre mais do mesmo, Der Metropol provou que se pode ir além. O estilista Mario Francisco fechou a noite com novas propostas como o híbrido de jaquetas e ternos, camisas de abotoamentos curiosos, calças com elásticos, macacões utilitários, pulls sem mangas… Tudo muito cool. Destaque para os lindos bordados (flores, animais, rostos, dragões) que apareceram até em uma curiosa jaqueta transparente.
