Apesar da crise global, as vendas de produtos de luxo continuaram fortes na China, que tem um impressionante crescimento anual previsto de 12% a 15%. Mas a fatia do mercado, na verdade, não é tão grande: do total de vendas de varejo no país, menos de 1% vem de marcas de luxo.
Ainda assim, a Ernst & Young estima que US$ 11,5 bilhões possam ser arrecadados nesse filão até 2015, transformando a nação na maior consumidora de produtos de luxo do planeta.
Em 2015, a China deve se tornar a maior consumidora de luxo do mundo
O que explica esse número é a expansão do mercado. Enquanto metrópoles como Xangai e Beijing já tiveram sua cota de novos ricos, províncias que há alguns anos atrás não consumiam nada da Chanel entraram no mapa _é o caso de Chengdu, na província de Sichuan, e Taiyuan, que abriga os “Reis do Carvão” na província de Shanxi.
Basicamente, as grandes marcas seguem a expansão dos bolsos de riquezas, não importando se há um ano a rua que abriga hoje uma flagship Louis Vuitton só tinha uma pequena loja de departamentos _e hoje tem Burberry, Prada, Dunhill…
Dezenas de novas lojas e consumidores pela China devem aumentar as vendas totais, mas as marcas enfrentam um problema curioso nos mercados estabelecidos: o conflito de imagem. Nomes famosos começaram a perceber quedas no crescimento de vendas em Xangai e, de maneira mais sutil, em Beijing, e o por quê é simples.
A “Vogue China” foi lançada em setembro de 2005, vendeu suas 300 000 cópias e precisou de uma 2ª tiragem
Quando uma pessoa de uma dessas províncias do interior aparece com uma bolsa Dior, por exemplo, o status da marca diminui aos olhos do cosmopolita da capital, mesmo que os dois tenham alto poder aquisitivo (e talvez uma coleção de sapatos Versace idêntica).
Outra característica interessante é a famosa economia chinesa: mesmo tendo a vontade e o dinheiro para produtos de luxo, muitos chineses ainda escolhem comprar suas peças em lugares com menos impostos, como Hong Kong e Macao _o dinheiro ainda chega na marca, mas agentes e distribuidores locais sofrem.
Conforme os chineses do interior se tornam mais confiantes e presentes mundo afora, os grandes nomes esperam que a fome de luxo se reflita também nos outros lugares que eles escolherem visitar (oi Paris, Las Vegas!), como aconteceu com os chineses das metrópoles e, antes deles, com os japoneses.