Com vocês, o diário de
Daniela Falcão, diretora da
Vogue, para 02.07, o primeiro dia da temporada de
inverno 2013 na
semana de alta-costura em Paris.
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Daniela Falcão, diretora da Vogue, e Donata Meirelles, diretora de
estilo da revista, cercam Rosangela Lyra, da Dior, na tarde da
segunda-feira (02.07), em Paris | | | | | | | | | | | | | | | | |
Semana de couture é uma delícia e um dos meus eventos preferidos do
circuito de moda. Tudo é meio preguiçoso, bem ao ritmo de julho, quando
Paris não quer nada com a hora do Brasil, nem com a hora de lugar nenhum
no mundo. Bem diferente da friaca apressada das semanas de março e
outubro (inverno e verão do prêt-à-porter), na couture o calorzinho
deixa moças de pés de fora, todo mundo com vontade de beber rosé ou
piscine ao ar livre. São bem menos desfiles e você pode se dar ao luxo
de assistir a apenas dois ou três por dia. A
Vogue Brasil é
convidada pra todos, lógico, da esperada estreia de Raf Simons na Dior
até apresentações mais alternativas como a da belga Iris Van Herpen.
Como eu estou de férias, resolvi ir mesmo só nos top desfiles e dividi
os convites com
Paulo Mariotti e
Isabel Junqueira, nossos supercorrespondentes por aqui.
Acordei cedo e fui fazer meu já tradicional jogging nas
Tuileries, que agora no verão vira um parque de diversões ao ar livre, daqueles típicos de cidade do interior, com brinquedos
high-tech
tipo Playcenter e outros tão toscos que dá até vontade de ir. Bruno
Astuto prometeu me levar, vamos ver. Corri meia hora, andava sedentária
por excesso de trabalho… Fui até a Place du Marché tomar um café
saudável no
Le Pain Quotidien: granola, iogurte e
frutas, quero aproveitar as frutas pra emagrecer um pouco. Daí bati
perna pela Saint Honoré até chegar a hora de encontrar
Bruno Astuto e
Donata Meirelles no
L´Avenue,
para um almocinho básico, salada de king crab, burata de entrada, o
básico do Costes. Bruno nos apresentou um italiano simpático que era
braço direito da
Roberta Armani e que agora está na
Moncler… Aliás, a loja nova no Brasil deve abrir em setembro, ele contou, com direito a festaça -
Vogue tá na cola,
as usual.
De lá, passadinha básica no
Montaigne Market para
conferir as novidades, Donata levou um belíssimo macacão com basque da
Stella McCartney e uma calça de tie-dye verde da Hudson. As coleções de
verão estavam com 50% off e eu comprei um belo par de sandálias Burberry
tipo
thong - tô super controlada porque ando meio quebrada, mas com tanta liquidação, tá difícil.
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O desfile couture de inverno 2013 da Dior, com Raf Simons da direção criativa | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |
Daí já era hora do super mega aguardado desfile da
Dior que marcava a estreia do
Raf Simons
na couture e na maison. Já tinha acontecido um desfile às 14h30, nós
estávamos no bloco das 17h, mas a empolgação era como se fosse o
primeiro, já que não conhecia ninguém que já estivesse estado lá. Me
atrasei um pouco, mas ainda assim deu pra fazer um tour pelo cenário
deslumbrante cheio de orquídeas, peônias, rosas, cada sala de uma cor
diferente. Encontramos a baronesa
Silvia Amélia, unica
brasileira convidada para o desfile direto pela maison de Paris! Eu e
Donata sentamos na sala branca, das orquídeas, ao lado da sempre
simpática
Christiane Arp, editora-chefe da
Vogue alemã. O desfile? Olha, eu amo Raf Simons, era fã de suas roupas da
Jil Sander,
tenho um vestido dele que não tiro do corpo e, por tudo isso, acho que
estava esperando muito. O desfile foi bom, tinha uma alfaiatria bem
trabalhadíssima que é a cara dele, flertes com a silhueta BAR, claro,
uma certa nostalgia no ar. Tudo muito elegante, mas faltou emoção e
coerência. Simons terminou apostando em muitos caminhos, e nada de
marcante ficou. Queria ter visto mais das peças com aplicações de
minimiçangas, lindas de morrer. Achei que faltou mais trabalho manual…
Claro que Christian Dior sempre foi mais reconhecido pelas suas
silhuetas que por ser um decorativista, mas a gente quer ver um pouco de
brilho, ou recortes elaboradíssimos que tirem o fôlego como os de
Haider Ackermann…
Não foi o que se viu, e ainda que tenha havido certo frescor nos
conjuntos de alfaiataria que lembram muito a essência de Simons, faltou
graça. Mas o cenário garantiu o show… E ele está só começando.
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Cliques do site da Chris Pitanguy: com Bruno no desfile do Giambattista,
onde brilhava na primeira fila a superchique Lee Radziwill | | | | |
De lá fomos para
o desfile do Giambattista Valli, no Hôtel de Crillon, e ali o show eram as it girls e it womans que fazem a fama do couturier italiano. Das mezzo brasileiras
Bianca Brandolini a
Alexia Niedzielski, passando pela russa
Vika Gazinskaya e pela über chic
old lady Lee Radziwill, toda a elite que consome moda e que também dita moda estava por lá, isso sem falar em todas as editoras que contam, de
Grace Coddington e
Anna Wintour a
Franca Sozzani,
Carine Roitfeld,
Alexandra Shulman,
Christiane Arp,
Yolanda Sacristán, a querida
Bandana Tewari, isso só para ficar nas do
Vogue team. [
Chris Pitanguy fez um registro incrível do clima entre os convidados na sala de desfile, confira no site dela].
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O inverno 2013 de Giambattista Valli na alta-costura, apresentado no hotel de Crillon
O desfile foi arrebatador, compensou em muito minha frustração
pós-Dior, com vestidos em camadas superleves e delicados, com
inacreditáveis golas estilo pierrô que eram românticas e étereas,
deixando todas as modelos com jeito de ninfas. Cantos de pássaros e
looks que remetiam a uma floresta de verde tropical me levaram para bem
longe dali. E não é pra isso que serve a couture, para fazer você sonhar
acordado?
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À esquerda, Alexia Niedzielski na fila A quente de Giambattista Valli; à
direita, Bethy Lagerdère e Bruno Astuto em nosso jantar no Costes |
Mais tarde, no jantar no
Costes com
Bethy Lagardère
fiquei sabendo que o problema do Giamba, como ele é conhecido entre
suas clientes mais queridas, é que ele não possui um ateliê de mãos
talentosas, e que por isso entrega muito menos do que poderia… Pena,
porque até eu tinha ficado empolgada em ter um Giamba para chamar de
meu. O jantar foi animado, com Bethy sempre dando aula de bastidores da
moda e contando as fofocas mais incríveis do mundo. Só que para ela
confidencialidade vale ouro, então paro por aqui.
Na saída, encontramos com o
Brant Cryder, vice-presidente da
YSL para as Américas, e ele contou que estava em Paris porque está acontecendo agora o showroom da
cruise collection, que já é assinada por
Heidi Slimane,
mas só para compradores, imprensa ficou de fora. O desfile de verão, em
01.10, vai ser mantido como a estreia oficial de Slimane na YSL. E
assim como a de Raf Simons, tá todo mundo louco para conferir. Só que,
pelo bafafá que Slimane já está causando, com mil
gossips sobre sua brilhante repaginada na maison, vem chumbro grosso por aí!
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Fim do dia e o talk of the town é que a a Chanel vai apresentar amanhã
uma bolsa chamada Choupette, nome da gatinha de Karl Lagerfeld |
Oxalá! Depois de falar sobre os desfiles de hoje, o próximo desfile a ser um assunto é o da
Chanel, que acontece amanhã ao meio-dia.
Karl Lagerfeld
recebeu alguns poucos hoje para uma amostra do que reserva para a
apresentação e quem esteve lá diz que a coleção inclui uma bolsa leve,
de tricô, chamada de
Choupette – o mesmo nome da
adorável gatinha do estilista, que ganhou seu coração e depois o mundo,
após aparecer em fotos no Twitter. Mas amanhã temos também
Giorgio Armani Privé,
Stéphane Rolland, o brasileiro
Gustavo Lins,
Givenchy, a expo da
Fendi na
Colette, as joias de
Catherine Baba também na
Colette… E jantar de gala da
Louis Vuitton para marcar a abertura de sua loja de alta joalheria, no
Ritz, que vai ficar fechado por dois anos para uma remodelada geral.
Vogue Brasil vai acompanhar tudo isso, lógico! (
DANIELA FALCÃO)
MAIS: Abaixo, confira os relatos de Isabel Junqueira e Paulo Mariotti, correspondentes da
Vogue Brasil em Paris, sobre a boutique de joias da Louis Vuitton, o desfile de Alexis Mabille e o trio de jovens estilistas
avant-garde do primeiro dia do line-up da alta-costura.
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Inspirada pela joalheria, a coleção que Alexis Mabille presentou no Hotel Shangrila |
Hoje foi uma data muito especial para a
Louis Vuitton:
a maison francesa abriu sua primeira loja inteiramente dedicada à
joalheria e à relojoaria. A localização é a melhor possível: em plena
Place Vendôme, epicentro da joalheria mundial. Foi lá que comecei este
dia de consagração da marca, afinal a grife começou a investir nesta
área há pouco mais de uma década.
Hamdi Chatti,
vice-presidente de joalheria e relojoaria da marca, me disse que ele via
este marco mais como “um novo começo”, que a LV construiria história
junto com os medalhões do pedaço, como Cartier e Van Cleef & Arpels.
Brasil lover até dizer chega,
Lorenz Baümer, o diretor artístico, mostrou a dois passos dali, no
Ritz,
parte da nova coleção de alta joalheria (metade não ficou pronta a
tempo). A inspiração veio, como sempre, do tema da viagem – desta vez,
viagem no tempo! Mais detalhes na
Vogue de agosto…
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Do Nouvelle Couture: as mulheres-pássaro do turco Serkan Cura |
Próxima parada: o
Hotel Shangrila, onde
Alexis Mabille
apresentava sua coleção de alta-costura outono/inverno. Posso ter saído
da Place Vendôme, mas o clima era o mesmo: o designer francês se
inspirou na joalheria nesta temporada. Cada modelo representava uma
pedra preciosa. Não faltou nem drama, nem brilho – às vezes até demais.
Mas sem dúvidas, vai ser sucesso garantido no
red carpet. (
ISABEL JUNQUEIRA)
Em paralelo aos desfiles das grandes maisons, a semana da alta-costura
conta também com jovens estilistas, que trazem uma interpretação
avant-garde e experimental dos códigos desse artesanato único. Entre os designers da
nouvelle couture, três nomes se destacaram:
Serkan Cura,
Jan Taminiau e
Iris van Herpen. Para seu segundo desfile, o turco
Sekan Cura
se concentrou sobre dois temas: o trabalho das plumas e do corselete.
As mulheres-pássaro de Cura são sexy sem jamais cair na vulgaridade e o
trabalho das plumas é sutil e sofisticado. Um talento que promete.
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"Poetic Clash" é o nome da coleção do holandês Jan Taminiau |
O holandês
Jan Taminiau apresentou uma coleção de 15
looks, entre vestidos curtos e longos, batizada de “Poetic Clash”, com
um encontro entre as silhuetas tribais africanas e as estampas Ikats
provenientes do Uzbequistão. Pela primeira vez, Taminiau usou cores como
o vermelho sangue, o azul marinho e o amarelo vivo, declinados em
motivos geométricos. Seus vestidos ganharam uma terceira dimensão graças
aos metros de tule trabalhados de forma a criar volumes impressionantes
no pescoço, nos ombros e nas caudas.
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Iris Van Herpen, a estrela que mais brilha entre os jovens estilistas da couture |
Iris van Herpen é, sem dúvida, a
star dos jovens estilistas da
nouvelle couture.
Seus vestidos-escultura de volumes orgânicos e inesperados são, ao
mesmo tempo, futuristas e sensuais. Os materiais brilhantes e
high-tech realçam as formas curvas e criam peças impressionantes. Como
Pierre Cardin ou ainda
Paco Rabanne, Iris se inscreve na linhagem dos grandes nomes da moda experimental. (
PAULO MARIOTTI)
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Outros cliques do desfile de inverno 2013 de Iris Van Herpen |