Inez van Lamsweerde ©Reprodução/Into the Gloss
Ao lado de seu marido e parceiro de trabalho Vinoodh Matadin, Inez van Lamsweerde é uma das fotógrafas de moda mais respeitadas do mercado. É ótimo poder ler quando pessoas desse calibre falam abertamente sobre a profissão, como na mas também é divertido saber suas opiniões sobre outros assuntos. Em um post do Into the Gloss, Inez falou sobre sua relação com beleza, suas experimentações com maquiagem, o perfume que ela e Vinoodh desenvolveram para o fim deste ano e, com serenidade, compartilhou sua visão sobre o processo de envelhecimento. Vale a pena ler; confira abaixo os melhores momentos da entrevista:
“Eu sou muito envolvida nas sessões com as decisões sobre cabelo e maquiagem. Eu não simplesmente espero a modelo sair, pronta – é divertido demais! Eu sempre digo que é o meu momento Barbie. Você tem uma Barbie viva acontecendo. Você diz tanto por meio do cabelo e maquiagem sobre o personagem que você está tentando retratar. Obviamente tudo começa com as roupas, mas do cabelo aos sapatos, todos os elementos são muito muito importantes para o feeling do personagem. E claro, eu sempre amo rímel – sempre peço mais. Se não há nada na garota, há apenas rímel”.
“Se eu fosse uma era, eu seria os anos 1970 no meu visual de beleza. Essa é a época em que eu era uma adolescente e descobria quem eu era. Acho que isso é o que permanece com você, para sempre, com todo mundo. É quando você está descobrindo sua identidade por meio da música, moda, cabelo e maquiagem. É daí que, pelo menos para mim, vem muita inspiração. Crescendo, eu nunca pensei muito nos rituais de beleza. Eu só usava rímel e usava qualquer creme. Eu ainda faço isso. Exceto quando eu tinha 13 anos: eu passava talco no rosto para deixá-lo totalmente branco. O importante era ter pele branca, sem nenhum bronzeado. Eu usava um delineador forte, que ia de um canto ao outro. E a maior boca, a mais vermelha. Eu desenhava a minha boca muito maior do que ela era – eu era obcecada pela Sophia Loren, e o lábio superior dela era maior que o inferior, então eu desenhava o meu assim”.
Campanhas do Flowebomb e For Her ©Divulgação
“Estamos trabalhando em uma fragrância agora. Nós fomos abordados pelo Ben Gorham, que é dono da Byredo, e ele propôs que trabalhássemos em algo juntos. O Vinoodh e eu sempre fotografamos muitas campanhas de fragrâncias – Flowerbomb [Viktor & Rolf], Chloé, etc. O frasco está lá, a fragrância está lá, e nós comunicamos o feeling daquela fragrância por meio da fotografia. Nós sempre dissemos que seria interessante fazer uma fragrância baseada em uma imagem, que foi meio o que aconteceu com o que fizemos com o “For Her” do Narciso [Rodriguez], porque aquela imagem da Carmen Kass já existia. Nós já havíamos feito aquela imagem para o Narciso para uma campanha de moda; ela foi feita em memória da querida amiga dele, Carolyn Bessette. Daí nós a fizemos, e então ele disse: ‘Sabe, eu quero que aquela imagem especial seja a imagem da minha fragrância’. Ele já havia desenvolvido a fragrância e o frasco, mas os conectou, e funcionou.
Então agora nós falamos com o Ben, por que não te damos uma foto que, na nossa mente, desde que a fizemos, sempre sentimos que seria algo interessante para uma fragrância. E eu acho que há muitas imagens da nossa carreira inteira que nós sentimos que seriam interessantes como pontos de partida para fragrâncias. Ela vai ser baseada nesta foto específica e vai ter o mesmo nome da foto – “Kirsten, 1996”. Então ele fez a fragrância baseada na fotografia, e nas nossas vidas, e ele esteve aqui nesta casa. Nós dissemos, ‘essas são algumas notas às quais sempre fomos atraídos, e esses são os diferentes países com os quais temos sonhado; esses são os feelings da camada superior e inferior da foto’, e falando com ele, meio que se tornou essa coisa. Ela tem um feeling bastante oriental. É um pouco quente, há uma certa pegada de madeira. Há Vinoodh e há eu mesma, e meio que juntamos tudo isso. Mas não é como se estivéssemos dizendo ‘esta é a fragrância Inez e Vinoodh’, nós nunca tivemos essa abordagem – é a fragrância “Kirsten, 1996”. E há muito do toque do Ben, da interpretação dele. Quem sabe, talvez o próximo passo seja fazer uma fragrância de verdade, mas isso é uma coisa totalmente diferente. Este foi um bom ponto de entrada. É super animador. É essa linda pequenina caixa de madeira com o print e o frasco que vamos dar para 100 pessoas como um presente de Natal. Ela não estará à venda – é uma coisa sem nenhum tipo de pressão ou competição e sem nada tendo que ser vendido. É um projeto para os nossos amigos, e é arte”.
Kirsten, 1996” ©Inez e Vinoodh
“Eu tinjo o meu cabelo desde os 21 – eu sou totalmente grisalha. Vou a cada três semanas. Eu costumava fazer em casa quando era adolescente com uma tintura bem preto/azul, meu cabelo nunca mais voltou a sua cor natural depois disso. E eu acabei de começar a fazer escovas, talvez há uns dois anos. Às vezes depois de uma sessão de tintura eu peço uma escova, se eu tenho que ir a um lugar parecendo uma pessoa com menos frizz, mas é um luxo para mim”.
“Eu gosto de envelhecer. Na verdade, eu me sinto melhor a cada dia. A única coisa que eu não gosto do processo de envelhecimento é a possibilidade de haver algo físico que não funcione mais – coisas de saúde. E eu me preocupo às vezes que depois da menopausa o seu rosto se desprenda do seu crânio – o estrogênio começa a ir embora e as coisas vão desabando do seu rosto (risos). Eu não quero que isso aconteça. Mas pequenas rugas e coisas do tipo, eu não vou lutar contra isso por enquanto (…) cirurgia e botox, não consigo imaginar fazer. Eu estava falando com a Christy Turlington uma vez, e ela estava dizendo ‘é, se você faz todas essas coisas, você nunca vai saber como você seria quando velha’. E eu concordo com isso. É verdade. Mas é claro, ela vai ser inacreditavelmente linda em qualquer idade”.
