Imagine uma marca italiana que seja sinônimo de luxo e glamour no mundo inteiro. Que até o Papa usa seus calçados. Ou melhor, até o Diabo veste. Chamar a italiana PRADA de marca é um tremendo insulto. Chique e luxuosa, desperta nas mulheres um intenso, e muitas vezes incontrolável, desejo por suas peças que mais parecem verdadeiras jóias do mundo da moda, chegando a ponto da poderosa editora da revista Vogue americana, Anna Wintour, declarar: “PRADA é o único motivo para alguém assistir à temporada de moda em Milão”. Resumindo, PRADA é simplesmente divina.
A história
A tradicional grife italiana foi fundada na cidade de Milão em 1913 por Mario Prada e seu irmão Martino com o nome de Prada Brothers (em italiano, Fratelli Prada). Começou a sua atividade comercial através do design e da manufatura exclusiva de acessórios de luxo, como malas de viagem e bolsas, em couro e peles sofisticadas, além de outros materiais de elevada qualidade. Ganhou notoriedade ao longo das décadas por seus produtos de luxo. Já em 1919, a loja localizada na Galleria Vittorio Emanuele II se transformou no local favorito da realieza italiana e da aristocracia européia, que buscava produtos cheios de elegância e sofisticação. Na época, eles não admitiam que as mulheres da família se envolvessem nos negócios, mas, ironicamente, foi a filha de Mario, Luisa Prada, quem administrou a loja por quase 20 anos. No ano de 1978, a neta de um dos fundadores, Miuccia Prada, juntamente com seu futuro marido Patrizio Bertelli, assumiu o controle da empresa, que já tinha perdido muito do seu brilho, e passou a criar produtos mais inovadores e contemporâneos. Nesta época a PRADA faturava míseros US$ 450 mil por ano. Além disso, ingressou com seus produtos em grandes e badaladas lojas de departamento. A ascensão da PRADA como marca de luxo se dá no início da década de 80, com o lançamento de uma bolsa preta de linhas básicas. O acessório tornou-se febre entre atrizes e celebridades, levando o nome da marca a um público maior e cheio de glamour. Pouco depois, em 1983, a empresa inaugurou uma segunda loja também na cidade de Milão. Essa nova loja representava uma nova imagem da marca, combinando elementos tradicionais com uma arquitetura moderna, além de introduzir em sua decoração a cor verde-palha, que se tornaria, nos anos seguintes, um símbolo padrão de suas lojas.
Outro fator de recuperação da marca italiana foi o lançamento de uma simples, porém célebre, mochila preta de nylon, material utilizado para fazer tendas militares, ajustada com tiras de couro. Além de ser bela a mochila criada era resistente. Miuccia acertou em cheio as necessidades de suas consumidoras: mulheres modernas que precisavam de praticidade, mas não abriam mão da beleza. Bolsas e outros acessórios de nylon foram estampados com o triângulo metálico invertido, onde era possível ler o nome da marca, e rapidamente se tornaram objetos de desejo, usadas por modelos como Jerry Hall e Marie Helvin. “Uma bolsa ou um sapato são boas maneiras de se identificar estilisticamente, sem ter que se estressar com o look inteiro”, costuma afirmar a estilista. É da mesma época o tênis com cara de sapato (ou será sapato com cara de tênis?) que chegou, viu e venceu no mundo dos calçados. Começava então a transformação da marca PRADA em um ícone do mercado de luxo mundial.
O processo de internacionalização da marca italiana foi acelerado com a inauguração em 1986 da primeira loja em Nova York e Madri, seguidas por unidades em Londres, Paris e Tóquio. No final desta década a PRADA entrou definitivamente no universo do mundo fashion ao apresentar sua primeira coleção de roupas femininas, aclamada pelas inovadoras linhas puristas e austeras, causando impacto e chamando a atenção do mundo da moda para a marca. A coleção mostrava muitas novidades, novos tecidos e tecnologias. O público, acostumado com a “sensualidade em forma de roupa”, se surpreendeu com as linhas retas e o tom intelectual da coleção. A crítica comparou PRADA à Gucci: enquanto a garota Gucci está tomando tequila no fundo de uma boate vestindo mini-saia e top, a garota PRADA está num café lendo Proust.
Os anos 90 começaram com a criação da MIU MIU, uma espécie de segunda linha da marca italiana batizada com o apelido de Miuccia, mais acessível e rapidamente adotada pela juventude cosmopolita, conferindo-lhe o status de ícone da moda mundial. Quase ao mesmo tempo a PRADA lançou no mercado sua primeira coleção masculina. Além disso, a empresa criou a Fundação Prada, que promove projetos e exposições com foco em arte contemporânea. Nos anos seguintes a PRADA lançou inúmeras novidades como uma linha esportiva, coleções de relógios, roupas íntimas, cosméticos, perfumes e uma sofisticada linha de decoração para casa. Ainda nesta década a marca ganhou enorme visibilidade com a inauguração de novas e modernas lojas em Londres (1994), Nova York, San Francisco e Paris (1996). Nesta época a marca possuía aproximadamente 40 lojas próprias, 20 das quais localizadas no Japão. Em 1998 a marca inaugurou sua primeira loja exclusivamente dedicada ao público masculino na cidade de Los Angeles.
Em 2008 a marca italiana lançou uma coleção de acessórios e uma linha limitada de bijuterias com estilo retro. A marca selecionou materiais inovadores para as bijuterias, como cristais tratados em choque térmico para criar um efeito “craquelado”. Os cristais de vários tamanhos e formas foram aplicados em colares, brincos e pulseiras. Foi neste mesmo ano, que a marca italiana ressuscitou as rendas, até então ligeiramente esquecidas pela indústria fashion, em sua coleção de inverno, repleta de peças com corte comportado e transparência. Em 2010 a marca italiana inaugurou quatro novas lojas em Xangai, elevando o número de unidades no país para 38, demonstrando a importância desse enorme mercado nos planos futuros da empresa. Atualmente os preços dos sapatos da marca italiana variam entre US$ 400 à US$ 2.500, as bolsas entre US$ 200 e US$ 7.000, as jaquetas entre US$ 3.000 à US$ 15.000 e os vestidos entre US$ 1.500 à US$ 7.500. Afinal de contas, o luxo da PRADA tem seu preço.
A linha do tempo
1979
● Lançamento da primeira coleção de sapatos femininos.
1984
● Lançamento da PRADA BACKPACK, uma mochila feita em náilon que se transformaria em um dos ícones da marca italiana.
1988
● Lançamento da primeira coleção de roupas feminina da marca.
1993
● Lançamento da MIU MIU, uma marca mais jovem e ousada composta por roupas, bolsas, calçados e acessórios. Essa marca descontraída investe em cores, estampas e comprimentos míni.
● Lançamento da primeira coleção masculina de roupas, calçados e acessórios.
1995
● Criação da FUNDAZIONE PRADA (Fundação Prada) para abrigar exposições de arte e publicar livros.
1997
● Lançamento da PRADA SPORT, uma linha esportiva de roupas e acessórios.
2000
● Lançamento da primeira coleção de óculos de sol e armações da marca italiana.
● Lançamento de sua primeira linha de cosméticos.
2001
● Inauguração em Nova York da PRADA EPICENTER, uma loja-conceito com arquitetura e design inovadores.
2004
● Lançamento do PRADA DONNA, primeiro perfume da marca.
● Lançamento do perfume feminino PRADA AMBER.
2006
● Lançamento do PRADA AMBER, primeiro perfume masculino da marca italiana.
2007
● Lançamento do perfume feminino PRADA INFUSION D’IRIS.
2008
● Lançamento do perfume masculino PRADA INFUSION D’HOMME.
● Lançamento dos óculos PRADA BUTTERFLY, que possuía proporções mais avantajadas e linhas laterais em forma de asas de borboleta. Rapidamente Nicole Richie, Paris Hilton, Brooke Shields e Gwen Stefani foram clicadas usando os óculos, que se transformaram em um enorme sucesso.
2009
● Lançamento do perfume PRADA L’EAU AMBRÉE.
● Lançamento de um livro que mostra os últimos 30 anos da marca italiana. Nas 706 páginas do livro estão não somente a trajetória histórica da empresa e as imagens dos produtos mais famosos, mas também todo o processo criativo. Um dos conteúdos da publicação são as 3.885 fotos em miniatura das bolsas e sapatos mais famosos da grife italiana.
● Lançamento do PRADA TRANSFORMER, uma pioneira estrutura temporária, que serve para acomodar uma variedade de eventos culturais. Constituída por quatro formas geométricas básicas - um círculo, uma cruz, um hexágono e um retângulo envoltos em uma membrana translúcida - projetadas para receber uma exposição de moda, um festival de cinema, uma exposição de arte e um desfile de moda da marca italiana. A primeira cidade a contar com o novo projeto foi Seul na Coréia do Sul.
2010
● Lançamento da coleção PRADA MADE IN, feita á mão e que combina estilos artesanais de localidades diversas do mundo com a identidade da marca. Assim a “Prada Made in Scotland” é uma coleção de kilts de tartan produzidos em oficinas especializadas nas técnicas centenárias de tecelagem e confecção. Os bordados indianos e seu colorido de encher os olhos também ganharam uma linha com a etiqueta de luxo, “Prada Made in India”, que traz peças produzidas a mão com a técnica Chikan, tradicional da Índia muçulmana. Do Peru, por sua vez, vem uma série de cardigãs e blusas em malha de lã de alpaca, conhecida pelos incas como o “ouro dos Andes”. O Japão, curiosamente, também entrou na lista com o jeans produzido pela Dova, considerada por Miuccia a fábrica de jeans mais sofisticada do planeta.
● Lançamento do PRADA PRIVATE, um serviço de customização de óculos onde o cliente tem a opção de trocar as iniciais “P” e “R”, que estão na lateral das hastes, por outras duas letras quaisquer do alfabeto ou ainda alguns símbolos como números, corações, estrelas e caveiras.
● Lançamento do perfume feminino PRADA INFUSION DE TRUBÉREUSE.
2011
● Lançamento do PRADA AMBER POUR HOMME INTENSE, uma edição limitada da tradicional fragrância masculina da marca.
PRADA + LG
A marca italiana inovou ao lançar no mês de março de 2007, em parceria com a coreana LG Electronics, o aparelho celular LG PRADA KE850. O celular, que estava sendo desenvolvido desde 2005, chamado de “PRADA Phone by LG”, é esguio (12 milímetros de espessura), com tela sensível ao toque e câmera de 2 mega pixels. A grife italiana ajudou a criar a interface do aparelho, os tons de chamada, o conteúdo pré-instalado e os acessórios. Segundo a PRADA o objetivo do projeto é posicionar a marca na arena dos telefones celulares, que cada vez mais são sinônimos de estilo. O novo aparelho, lançado ao preço de €600, vendeu 300 mil unidades em oitos países (Itália, Alemanha, Reino Unido, França, Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong) nos três primeiros meses. Em 18 meses foram mais de 1 milhão de unidades vendidas. No Brasil, o celular chegou, meses depois, comercializado pelas operadoras Vivo, Claro e Tim ao preço de R$ 1.900,00. A LG não comentou a razão pela qual optou por não lançar o modelo nos Estados Unidos. Em 2009 a segunda geração do telefone celular foi lançada no mercado.
Experiência única
Além da moda, a empresa revoluciona na arquitetura, com seus projetos de lojas, com jeito de galeria, sem nome na fachada e onde os produtos têm status de obras de artes, assinados por importantes arquitetos contemporâneos como o visionário holandês Rem Koolhaass, responsável pela filial de Nova York, inaugurada em 2001 no badalado distrito do SoHo, erguida no local onde funcionou a filial do Museu Guggenheim. Ao custo de US$ 40 milhões, o espaço de 2.300 metros quadrados, assombra pela arquitetura e encanta pela decoração, chegando a surpreender pelos sofisticados efeitos tecnológicos. O nome do projeto não poderia ser mais sugestivo: PRADA EPICENTER, um local em que moda, arte e arquitetura se relacionam. Algumas novidades incluem o elevador redondo de vidro (decorado com malas e bolsas da marca) e as portas dos provadores feitas com painéis de cristal líquido que escurecem quando o cliente entra para experimentar uma peça de roupa, garantindo sua privacidade. Outra novidade está dentro dos provadores. O consumidor pode pendurar peças de roupa e acessórios em uma espécie de cabide. As imagens são capturadas através das etiquetas inteligentes e projetadas numa tela de plasma. Basta apertar botões nessa tela para o cliente misturar as peças até encontrar a melhor combinação ou obter detalhes sobre os artigos como tamanhos, cores, materiais, número de peças no estoque e preço – este, raramente abaixo dos quatro dígitos. Produtos são exibidos em gaiolas de vidro penduradas no teto; outros, ainda, sobre tablados de madeira em sala de piso quadriculado e teto de espelho. Resultado: virou ponto turístico de Manhattan. A unidade de Tóquio, inaugurada em 2003 e assinada pela dupla suíça Jacques Herzog e Pierre de Meuron, é a mais provocativa construção da capital japonesa. Este conceito de loja possui unidades também em Beverly Hills (inaugurada em 2004) e San Francisco.
O gênio por trás da marca
Hoje em dia, ela é considerada a papisa da moda. Maria Bianchi Prada nasceu no dia 10 de maio de 1949 em Milão, berço da moda italiana. Formada em ciências políticas e ex-militante do Partido Comunista Italiano, em sua juventude, onde participava de passeatas vestindo roupas do estilista Yves Saint Laurent, participou de movimentos estudantis e quis trazer para suas coleções uma mulher inteligente, bem informada, ousada e inovadora, bem diferente do estilo feminino e sensual pregado pelos seus conterrâneos. Ela assumiu a empresa aos 28 anos, ocupando o lugar da mãe, a contragosto. Porém, logo em seu primeiro desfile de prêt-à-porter, causou impacto e ganhou importância.
Tímida, avessa a entrevistas, festas e eventos, representa, na moda, a intérprete de seu tempo, uma verdadeira antena parabólica de vontades. Mais que isso: ela antecipa vontades, lançando em seus desfiles em Milão uma moda que ainda nem sabíamos que queríamos. Munida desse talento, transformou a PRADA, uma centenária marca italiana de bagagens (herança do avô), na mais copiada grife de moda do planeta, presente nas vitrines pop dos bairros chiques em pontos tão distantes quanto o Harajuku, em Tóquio, e o SoHo, em Nova York. Seu toque de Midas fez da PRADA uma das marcas que mais ditou tendências em acessórios ao longo dos últimos anos: bolsas com couro tie-dye, laço no lugar das alças, modelo bowling. Das profundezas do universo da moda, como uma sacerdotisa que fala por enigmas, Miuccia Prada comanda o espetáculo. Miuccia foi a primeira estilista a aparecer, em 2008, na capa da The New York Magazine, uma das publicações que mais dita tendências no mundo. A italiana é a única estilista que consta na lista da revista Time das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Dados corporativos
● Origem: Itália
● Fundação: 1913
● Fundador: Mario e Marino Prada
● Sede mundial: Milão, Itália
● Proprietário da marca: Prada S.p.A.
● Capital aberto: Não
● Chairwoman: Miuccia Prada
● CEO: Patrizio Bertelli
● Estilista: Miuccia Prada
● Faturamento: €2.05 bilhões (2010)
● Lucro: Não divulgado
● Lojas: 320
● Presença global: 80 países
● Presença no Brasil: Sim
● Maiores mercados: Itália e Estados Unidos
● Funcionários: 7.500
● Segmento: Moda de luxo
● Principais produtos: Bolsas, roupas, sapatos e perfumes
● Marcas: PRADA, MIU MIU e PRADA SPORT
● Ícones: Miuccia Prada
A marca no mundo
A PRADA possui 320 lojas (incluindo a marca Miu-Miu) nas cidades mais importantes e cosmopolitas de 80 países ao redor do mundo. Objetos em couro e calçados respondem por uma fatia de 65% do total de vendas e prêt-á-porter por 34%. Geograficamente, a Itália sozinha responde por 27% dos rendimentos, o restante da Europa por 27%, Ásia-Pacífico por 25% e Estados Unidos por 21%. Atualmente a PRADA possui várias linhas de produção de moda masculina e feminina, tais como: Prada Cosmetics (para perfumes, maquiagem, loções faciais e corporais), Prada Sapatos (sapatos, sandálias, botas, mocassins, tênis), a Prada Eyewear (armações e lentes para óculos de grau e óculos de sol), assim como a confecção de roupas que vai de casacos e camisas até luxuosos vestidos. A empresa produz aproximadamente 8 milhões de peças por ano.
Você sabia?
● A luxuosa grife italiana foi mencionada em várias obras, como por exemplo, o livro O Diabo Veste Prada, tanto no próprio título quanto nas roupas que os personagens usaram em sua adaptação para o cinema.