Hoje (17.06) e amanhã acontece no SPFW uma intervenção contra o uso de peles de animais em editoriais e eventos de moda no Brasil. O movimento é promovido pelo MOVE Institute, uma ONG de proteção aos animais, que convidou o estilista Ronaldo Fraga para desenvolver uma ilustração sobre o tema. O FFW conversou com Adriana Pierin, presidente da MOVE sobre a relação da moda com os animais e a participação no SPFW.
Como surgiu a ideia de fazer essa intervenção no SPFW? Como aconteceu a aprovação do evento, já que é um movimento “contra” algo ainda muito usado na moda?
Na verdade é nosso segundo ano na SPFW. Sabemos que o SPFW é um evento de moda, mas a moda não pode se fechar no seu mundo e ignorar o que acontece ao redor. O mundo da moda tem que ser o primeiro a se interessar por tecnologias sustentáveis e éticas, afinal a proposta da moda é apresentar o novo.
E por que a escolha de protestar com luminárias no chão? Qual o significado? E como foi a escolha de Ronaldo Fraga para a ilustração?
A gente acredita que a melhor forma de se comunicar é através da cultura e das artes. Nós queremos que o mundo da moda nos escute, então precisamos falar a língua deles. Uma instalação bonita, com uma ilustração de Ronaldo Fraga no SPFW faz esse papel. Escolher o Ronaldo Fraga não foi difícil. Ronaldo é inteligente, politizado e realmente um criador, não uma pessoa que repete o que é visto na Europa. Se no Brasil tivéssemos mais estilistas–artistas não teríamos um problema tão grande com o uso de peles aqui. A instalação são 160 luminárias com estampas de esqueleto de coelho, exatamente como eles ficam depois que retiram a pele. E 160 é o número de coelhos necessários para se fazer apenas dois casacos de pele.
O que você quer dizer com: “Se no Brasil tivéssemos mais estilistas–artistas não teríamos um problema tão grande com o uso de peles aqui”? Acredita que o uso de peles nas passarelas aqui é consequência de uma reprodução do que é visto nas passarelas da Europa?
Sim! Completamente. O Brasil é um país tropical; não existe a necessidade de usar peles aqui, chega a ser patético. Ainda existe aquele espírito de país colonizado, que não cria. Somos um país tão rico, com tantas coisas para nos inspirar. Fora que hoje em dia existe o sintético — usar pele de animais está cada vez mais sem sentido. O sintético ainda não é o que a gente busca porque não é sustentável, mas pelo menos é ético. Queremos ser parceiros das grifes, mostrar que existem outras opções.