Jardins du Palais Royal
Vitrine anuncia a liquidação das coleções de verão
Estampas barrocas: no radar das parisienses
Grupo de italianos após um dos desfiles
Do lado direito o modelo new-face Onnys. Do lado esquerdo, pernas de fora entre os fashionistas
Close-up em look da marca Ehud
Cores vibrantes continuam em alta
E este é só o começo…
Paris, Primavera-Verão 2012 – Os desfiles masculinos de Paris teriam começado de maneira calma nesta quarta-feira (22.06) se não fosse pelo julgamento do estilista John Galliano. Ele – que em fevereiro último havia sido acusado por um casal de cometer insultos antissemitas – compareceu ao tribunal Palais de Justice nesta tarde para prestar depoimentos. O julgamento durou mais de quatro horas e foi o assunto do dia entre a comunidade da moda.
Por outro lado o dia marcou também o início das liquidações de verão na cidade. As lojas estavam completamente cheias de turistas disputando peças com os locais. Na loja Colette, a concept store mais interessante da cidade, os descontos chegam a 50%. No último andar da loja, uma exposição imperdível – “Americana M+B” – que celebra a cultura americana. Entre as imagens expostas estão retratos de Barack Obama ainda jovem, em 1980, fotografado por Lisa Jack quando ainda estava na faculdade.
Mas e os desfiles? Os destaques foram as apresentações das marcas Thierry Mugler e Ehud. A Mugler, que desde o início do ano tem direção criativa do stylist Nicola Formichetti, levou seus convidados para a Galerie de Minérologie, cujo o prédio é envolto por belíssimos jardins. As roupas vieram em cores cítricas, algumas vezes com camadas de tecido transparente e com um design esportivo – dando continuidade à tendência inspirada no esporte que começou a aparecer nas passarelas de Milão na última semana. O que talvez seja mais comentado no caso da Mugler não são exatamente as roupas, mas sim os vídeos de inspiração homoerótica que Formichetti promete publicar no site Xtube nos próximos dias.
Já o jovem designer Ehud Joseph veio com uma coleção leve, fácil de usar, cheia de peças brancas. Funcionaria muito bem para o público brasileiro. Algumas das peças vinham em cores fortes, indicando que a tendência “color blocking” – que estamos vendo nas ruas agora – deve permanecer por mais um tempo.
Aliás, nas ruas algo inusitado está acontecendo: a volta das estampas barrocas, (geralmente com mais de um motivo e quase sempre dourada), típicas da Versace durante o fim dos anos 1980, início dos 1990. Primeiro as estampas de gosto duvidoso reapareceram em Milão no desfile da própria marca. A coleção foi praticamente uma reedição dos seus clássicos mais fortes, com muitos estampados e cores vibrantes.
Enquanto a Versace celebra a sua própria identidade (Donatella Versace vai lançar uma coleção cápsula para a H&M para o fim do ano com a mesma proposta), os parisienses já parecem assimilar aos poucos a idéia de usar estampas barrocas. As camisas com estampa de corrente douradas, por exemplo, já estão na selecionadíssima arara do brechó mais famoso do mundo, o Didier Ludot, nas galerias do Palais Royal. A moda pode estar tentando olhar para o verão 2012, mas tudo parece gritar 1992…
Nos vemos amanhã com mais sobre os desfiles masculinos de Paris.
Texto e fotos: Hermano Silva © 2011