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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Luis Fiod fala sobre seu trabalho de intérprete da moda e suas apostas para o verão 2012

   . Foto: Divulgação



Luis Fiod é um dos principais stylists brasileiros, tendo o seu portfolio reconhecido pelo sitemodels.com. Graduado em comunicação e administração com pós em marketing, a história da agência Mint, da qual é sócio, se confunde com a história pessoal de Luis e sua incursão pelo mercado da moda. Ele e sua equipe são responsáveis por tornar a marca Animale (primeira a desfilar na SPFW, dai 13/06 às 17h) em um case de sucesso fashion e business, já que esta se transformou em um grupo, em uma empresa de vestuário, além de ter descobertos talentos como Priscilla Darolt e Juliana Jabour.
Com olhar multifocal, Luis vai além da função stylist. Por exemplo, durante a SPFW, para os seus dois clientes (Animale e Priscilla Darolt) ele confere todas as provas de roupas, fotografa cada look, chega cerca de três horas antes do desfile para organizar o backstage, repassa a trilha sonora, faz os ajustes devidos e quando os spots das salas da Bienal do Parque do Ibirapuera, local sede do evento, se apagam, é hora em que começa a pensar em todos os processos do pós-desfile: campanha, divulgação, comercialização etc.
Para dizer quem é Luis Fiod e o qual é o seu trabalho de intérprete da moda, como define, o Terraconversou com ele há menos de uma semana antes da primeiro modelo pisar na passarela da SPFW, ou seja, no meio do fervo total. No fim ele aponta suas apostas para o verão 2012 brasileiro.
 Como aconteceu sua entrada no mercado de moda?
Luis Fiod: Foi na época da faculdade quando o Roberto Talma tinha uma produtora onde desenvolvíamos trabalhos como miniagências de comunicação. Em paralelo comecei a fazer ¿drops¿ de programas de TV para o canal Multishow com abordagem de moda, personagens de moda, desfiles, isso em um tempo em que a moda era bastante experimental, ainda era o Phytoervas Fashion. Mas, para tudo isso virar algo concreto, um negócio de fato, foi mais tarde com a Mint e com o meu intercâmbio entre fotógrafos internacionais. Deste trânsito de parcerias criativas o volume de trabalho ficou cada vez maior e eu que já tinha uma trajetória dentro da moda, por ter passado pela Vogue, Reinaldo Lourenço, e tantas coisas que culminou de me profissionalizar nesta área. Na verdade foi um percurso natural, evolutivo.
Você quer dizer, a sua história pessoal, a da moda e da Mint se cruzam, estou certo?
Luis: É isto mesmo. A Mint surgiu em 2001 e aconteceu porque tinha de acontecer, não foi algo planejado. Meus sócios e eu não contratamos uma agência de pesquisa ou tínhamos em mente 'vamos fazer uma agência de moda com foco nisto ou naquilo', foi uma evolução do trabalho que já fazíamos. Com o tempo fomos nos especializando, tornando os pilares da empresa mais concretos, sólidos, orgânicos. Foi a trajetória profissional de alguém que fazia produção de moda, styling, que tinha contatos com profissionais da moda, enfim, a história da Mint se confunde com a história da minha vida.
Nestes anos todos, desde a época da faculdade, a moda nacional está madura, digo, os profissionais que atuam na área já passaram da fase adolescente?
Luis: Os profissionais são de primeira linha. Fotógrafos, stylists, beauty artists, jornalistas, bookers, camareiras, modelistas, estilistas, nem preciso citar os modelos, não é? Os brasileiros estão bem servidos de pessoas altamente capacitadas para exercer seus trabalhos. Óbvio que temos como crescer, mas diria que atingimos um estágio de maturidade, não somos mais adolescentes. A moda brasileira é coisa séria, basta ter como parâmetro um evento do porte da SPFW, o investimento das marcas, as formas de comunicação cada vez mais complexas, os veículos de informação transmitindo a notícia com velocidade e qualidade. Estamos em momento ótimo.
 Então, o que falta para a moda nacional se consolidar no cenário internacional?
Luis: Não acredito que esta seja uma preocupação primordial. Temos exemplos claros de que o nosso trabalho é apreciado no exterior, por exemplo, o Pedro Lourenço que é brasileiro e tem espaço relevante nos noticiários internacionais. Hoje a moda nacional divide mídia com a internacional, sites, blogs, revistas especializadas repercutem campanhas brasileiras com o mesmo entusiasmo que faz com marcas icônicas internacionais. Enquanto estivermos propondo o novo, seja no sentido de imagem ou de produto, teremos totais condições de competir com o mercado externo. O Brasil é quase que um continente, devido sua grandeza, então uma marca que consegue se consagrar em um país com estas dimensões também tem relevância no contexto global.
Na verdade, é tudo uma questão de olhar, de pontos de vista. São distâncias, repertórios, tudo tem a ver com a moda. Além disso, sinto que o mercado internacional tem interesse no Brasil por esta energia especial que possuímos. Esta é a nossa realidade, não podemos parar, temos de avançar, fazer trabalhos cada vez melhores.
Você falou sobre olhar. Qual é o olhar do Luis sobre a moda?
Luis: É intuitivo e racional. Intuitivo em vários níveis porque eu posso ser intuitivo para julgar uma imagem, localizar um produto, sentir o cheiro do novo, do talento, mas a partir daí é preciso transformar esta intuição em realidade, é preciso lidar com os fatos. Não posso deixar tudo a mercê da intuição. Não dá para ser intuitivo o tempo todo, em algum momento é necessário tomar posição, decisões que são racionais, concretas. Até porque após toda esta fase 'inspiracional', que é muito bonita, eu esbarro em questões burocráticas de prazo de entrega, processo de aprovação, negociar estratégias de lançamento de campanhas, discutir editorial. Mas de qualquer forma tudo isso é um exercício de depuração do olhar, deixá-lo cada dia mais afinado e atento.
 E a escolha das modelos para determinada campanha como acontece?
Luis: A modelo é um símbolo, a forma que a marca encontra para comunicar seus desejos e realizações. Então sempre penso no que a modelo representa, na força que ela carrega e na capacidade de imprimir isto em um trabalho. Por exemplo, quando escolhi a Raquel Zimmermann para o catálogo da Animale foi porque sabia que ela tinha um twist interessante para a marca, ela poderia passar o conceito de mulher sensual, sofisticada e feminina somado ao hi-low que é característico da Animale. Da mesma forma quando busco uma modelo internacional, faço um estudo para detectar se ela se encaixa no perfil do trabalho que tenho para oferecer. Não basta ser top, tem de ser uma personagem interessante para a história. A escolha da modelo precisa estar adequada ao contexto, à argumentação da campanha. Não se atinge resultados só com o nome, isso pode ser uma válvula propulsora mas se a escolha não dor boa, certamente o resultado estará condenado. Nenhuma modelo que trabalhei até hoje foi por acaso.
Por favor, fale sobre Animale e Priscilla Darolt.
Luis: Na Animale a Mint desenvolve um trabalho há anos. É um processo longo até atingir o nível que ela representa hoje. Requer um exercício e empenho constante.
O caso da Priscilla é interessante porque ela é uma estilista com talento enorme. A compra de sua grife pelo grupo Animale só veio a somar, dar mais suporte à sua criação. Ela faz a linha Concept da Animale (a que é apresentada na SPFW) e por causa de uma história sólida é que se consolidou esta relação do grupo com a Priscilla. Tudo isso, resultado de trabalhos e trabalhos seguidos, coleções e mais coleções.
E com a Wanessa Camargo, como foi?
Luis: Quando você lida com uma pessoa, mesmo que pública, é preciso lidar com os anseios e desejos dela. Precisa lidar com algo que ela de fato acredite, não pode ser uma mentira. Com a Wanessa foi assim, todos os projetos que desenvolvi com ela eram verdades tanto para mim quanto para ela. Não tinha imposições, ela tinha de transparecer a real imagem dela, o que ela é. Peguei as características da personalidade dela, as experiências de vida, os gostos e lapidei tudo da melhor forma.
 Se pudesse explicar para um leitor leigo quem e o que faz um stylist, como definiria?
Luis: Um intérprete. De certa forma é quem dá vida a uma coleção, cria a linguagem mais apropriada para ela. O estilista cria, fala de seu processo inspiracional, o stylist interpreta esta ideia e apresenta ao público. No meu caso, eu associo o trabalho de styling e direção criativa, então preciso resumir e tornar algo muitas vezes abstrato para uma realidade localizada em determinado momento da história.
O trabalho do stylist e o estilista se fundem, é muito simbiótico. Quando se cria parcerias de longas datas e elas são sólidas, a coleção nasce a quatro mãos. O stylist leva uma ideia, o estilista traz outra e destas trocas nasce roupas, acessórios e todo arsenal que envolve a moda.
 Quais são as suas apostas para o verão 2012?
Luis: Releitura do anos 1970 sob várias ópticas, desde as mais étnicas passando pelas mais sofisticadas e glamorosas, chegando até a misturas dos 1970 com folk. Além dos climas de balneários em imagens leves e frescas, cores que vão das tonalidades do azul do mar ao azul do céu e areia.