Yohji Yamamoto e a moda do futuro
O estilista japonês, cujo nome significa o homem ao pé da montanha, ganhou recentemente uma expressiva exposição em Londres, no Victoria & Albert Museum, que o trouxe de volta à cena e colocou em questão a moda atual, cada vez mais rápida e barata.
Yohji Yamamoto é o oposto da moda massificada, fácil de ser produzida e reproduzida. Ele usa várias técnicas japonesas tradicionais na fabricação dos materiais que utiliza, assim como em tingimentos e bordados. Todos os seus tecidos são feitos no Japão e de acordo com suas especificações, tornando-os únicos e perfeitos para o design de suas peças.
Referência dos anos 1980 – ele deixou o público do seu primeiro desfile em 1981, em Paris, em choque, com suas roupas que desafiavam as silhuetas masculinas e femininas da época -, Yohji Yamamoto sempre evitou o supérfluo e a superficialidade. Seu trabalho é caracterizado pelo uso freqüente da cor preta, que descreve como modesta e arrogante ao mesmo tempo. Ela também cria sombras e silhuetas inovadoras de suas peças largas, longas, assimétricas e, muitas vezes, com aspecto inacabado. Apesar da falta de ornamentos, a moda criada por Yamamoto não tem nada de simples. “Não me considero um minimalista. Meu estilo é muito complicado em termos de corte e montagem”, disse em entrevista recente à revista britânica Glass.
Identidade é o que difere a moda de Yamamoto. Ele sempre mandou a mesma mensagem e, por isso, continua atual e o mais próximo do futuro que algum estilista poderia chegar. Sua moda sem fronteiras e sem idade, reduzida ao essencial, o torna um dos raros designers que consegue aproximar a moda da arte.
Em 1989, o Museu Nacional de Arte Moderna Georges Pompidou, em Paris, convidou o diretor Wim Wenders para fazer um filme sobre Yohji Yamamoto. O longa, de 79 minutos, se intitula Carnets de Notes sur Vêtements et Villes. Assista à primeira parte do filme.