Quem é de quem no mundo da moda?
Em tempos de mundo globalizado, moda também é negócio. Para continuarem em voga, marcas e estilistas recorrem aos conglomerados, que atualmente detêm grande parte das grifes mais importantes. Conheça os grandes impérios do mundo fashion.
Moda também é negócio. Para comprovar a afirmação, basta fazer um exercício simples: pense numa grande grife internacional e verá que ela provavelmente pertence a algum grupo. Gucci? É o carro-chefe do PPR (Pinault-Printemps-Redoute). Louis Vuitton? Corresponde ao LV do LVMH (Louis Vuitton Moet Hennessy). Prada? Pertence ao Prada Group. São essas organizações financeiras que comandam grande parte das marcas de luxo atualmente, processo que se intensificou na última década. Poderosos engravatados como Bernard Arnault, um dos homens mais ricos da França e o nome por trás do LVHM, conquistaram as rédeas das grifes mais glamourosas do mundo e capitalizaram os princípios franceses de haute couture e prêt-à-porter em uma palavra inglesa: fashion. Sempre com um objetivo: tornar essas marcas cada vez mais lucrativas e poderosas.
Desde que o dinheiro virou a alma do negócio, são os bilhões desses impérios que bancam as criações desfiladas em Londres, Milão, Nova York, Paris e Tóquio e que garantem a sobrevivência de marcas históricas, tais como Balenciaga e Yves Saint-Laurent. Entre eles, o maior império é o LVMH, que recentemente adquiriu 17% da Hermès, maison que ainda é comandada pela própria família, caso raro entre as grifes tradicionais. Na cola está o PPR, sob o olhar atento de François-Henri Pinault. Outro peso pesado é o grupo italiano Marzotto, que em 2002 resgatou Valentino de uma crise financeira. Um mais “modesto” é o Riechmont, com Chloé e Cartier como carros-chefes.
Responsáveis pela administração e por injetar dinheiro para que as marcas cresçam, os grupos não interferem na parte criativa. Mas é dos executivos o poder de decisão sobre qual designer deve assumir a direção criativa das marcas do seu portfólio. Depois de assumir o controle do Gucci Group – após uma disputa com o LVMH -, o PPR optou por demitir Tom Ford, estilista responsável pelo renascimento da marca italiana nos anos 1990. Segundo consta, a postura centralizadora de Ford não agradava aos acionistas.
O poder dos símbolos
Apesar dos novos tempos, pautados mais pelo business do que pela excelência criativa, ahaute couture sobrevive. Menos como força inovadora ou vitrine para os vestidos sob medida; mais como tática publicitária. É uma forma de atrair atenção e fincar o espírito da marca, parte de um engenhoso sistema elaborado para intensificar o fascínio pelo logo daquela grife. O resultado é lucrativo: seduzidas, as consumidoras procuram versões mais acessíveis: o prêt-à-porter ou os acessórios. Mas é nos cosméticos e perfumes que estão as verdadeiras minas de ouro da moda.
Quanto mais forte o símbolo, maior o fascínio gerado, e, consequentemente, mais dinheiro no caixa da grife – seja em forma de vestidos, bolsas ou batons. O compromisso agora não é angariar novas marcas, mas tornar irresistíveis as que já foram adquiridas. Se der certo, o século 21 vai entrar para a história da moda como o século dos conglomerados. Tempos de gigantes.
Quem é de quem no mundo da moda?
LVMH, um portfólio de marcas glamourosas
Em 1987, a holding francesa LMVH foi formada pelas fusões dos grupos Moët et Chandon e Hennessy e, posteriormente, da Louis Vuitton. Seu portfólio reúne mais de sessenta grifes de prestígio, como Donna Karan, Emilio Pucci, Fendi, Givenchy, Kenzo e Marc Jacobs.
Donna Karan
O estilo Donna Karan faz sucesso no mundo inteiro – e não mais só em Manhattan – desde que a grife nova-iorquina foi comprada por 250 milhões de dólares pela LVMH, em 2000. As coleções charmosas, repletas de preto e vermelho e que misturam lycra e cashmere, são sua marca registrada.
O estilo Donna Karan faz sucesso no mundo inteiro – e não mais só em Manhattan – desde que a grife nova-iorquina foi comprada por 250 milhões de dólares pela LVMH, em 2000. As coleções charmosas, repletas de preto e vermelho e que misturam lycra e cashmere, são sua marca registrada.
Emilio Pucci
A psicodélica década de 1960 deve muito a Emilio Pucci. Em 1947, o marquês italiano mostra sua visão de mundo em roupas de linhas simples e na implosão de cores. O espírito pucciano continuou exuberante como antes sob a direção artística de Christian Lacroix. Em 2005, o britânico Matthew Williamson assumiu o lugar do estilista francês e manteve o estilo único da Pucci e suas estampas vibrantes, flertando ainda com o folk. Desde 2009, Peter Dundas é responsável pela criação.
A psicodélica década de 1960 deve muito a Emilio Pucci. Em 1947, o marquês italiano mostra sua visão de mundo em roupas de linhas simples e na implosão de cores. O espírito pucciano continuou exuberante como antes sob a direção artística de Christian Lacroix. Em 2005, o britânico Matthew Williamson assumiu o lugar do estilista francês e manteve o estilo único da Pucci e suas estampas vibrantes, flertando ainda com o folk. Desde 2009, Peter Dundas é responsável pela criação.
À esquerda, Pucci em Florença, em 1953. À direita, Peter Dundas antes do desfile em Milão, 2010 |
Fendi
A história da marca italiana começou em 1925, mas só cinco décadas mais tarde a Fendi provou para o mundo que fazia mais do que casacos de pele e acessórios de couro. Karl Lagerfeld está à frente da criação desde 1965.
A história da marca italiana começou em 1925, mas só cinco décadas mais tarde a Fendi provou para o mundo que fazia mais do que casacos de pele e acessórios de couro. Karl Lagerfeld está à frente da criação desde 1965.
Givenchy
Audrey Hepburn se tornou um símbolo de elegância vestindo criações do estilista francêsHubert de Givenchy, aposentado em 1995, seis anos depois que sua maison foi incorporada ao LVMH. Assim, a grife francesa foi modernizada com o melhor da rebeldia e o melhor da alfaiataria: Alexander McQueen. Por cinco anos o estilista britânico liderou a direção artística da maison Givenchy. Em 2001, foi a vez de Julien Macdonald, substituído em 2005 pelo italiano Riccardo Tisci, atual diretor criativo.
Audrey Hepburn se tornou um símbolo de elegância vestindo criações do estilista francêsHubert de Givenchy, aposentado em 1995, seis anos depois que sua maison foi incorporada ao LVMH. Assim, a grife francesa foi modernizada com o melhor da rebeldia e o melhor da alfaiataria: Alexander McQueen. Por cinco anos o estilista britânico liderou a direção artística da maison Givenchy. Em 2001, foi a vez de Julien Macdonald, substituído em 2005 pelo italiano Riccardo Tisci, atual diretor criativo.
À esquerda, o clássico cocktail dress de Hubert de Givenchy, consagrado por Audrey Hepburn. À direita, o look inovador do italiano Riccardo Tisci para Givenchy. Kenzo Kenzo Takada é o mais parisiense dos estilistas japoneses. A alquimia entre o Ocidente e o Oriente rendeu as roupas mais excêntricas e formas inovadoras da década de 1970. Em 1999, Gilles Rosier o substituiu na linha feminina. À esquerda, anúncio da Louis Vuitton simboliza ar vintage no camarim. À direita, Marc Jacobs |
Louis Vuitton
Não há monograma mais desejado do que o LV. A contratação de Marc Jacobs como diretor artístico modernizou a marca. Suas peças inspiradas nos anos 1960 são os hits favoritos de quem curte roupa moderna com um certo charme retrô. O estilista americano ganhou o aval da maison e do mundo depois de alavancar as vendas da Louis Vuitton, sem nunca ter medo de brincar com o que ela tem de mais poderoso: seu logo. Além das coleções para LV, Jacobs mantém sua grife própria.
Não há monograma mais desejado do que o LV. A contratação de Marc Jacobs como diretor artístico modernizou a marca. Suas peças inspiradas nos anos 1960 são os hits favoritos de quem curte roupa moderna com um certo charme retrô. O estilista americano ganhou o aval da maison e do mundo depois de alavancar as vendas da Louis Vuitton, sem nunca ter medo de brincar com o que ela tem de mais poderoso: seu logo. Além das coleções para LV, Jacobs mantém sua grife própria.
Quem é de quem no mundo da moda?
Pinault-Printemps-Redoute
Cinco letrinhas compõem o nome mais importante da holding francesa Pinault-Printemps-Redoute: Gucci.
Nesta liderança, o Gucci Group (comandado pela PPR) conta com marcas como Alexander McQueen, Balenciaga, Stella McCartney e Yves Saint Laurent. Em outras frentes, o PPR incorpora ainda a Printemps, tradicional loja de departamentos francesa, a marca esportiva Puma e a rede Fnac.
Nesta liderança, o Gucci Group (comandado pela PPR) conta com marcas como Alexander McQueen, Balenciaga, Stella McCartney e Yves Saint Laurent. Em outras frentes, o PPR incorpora ainda a Printemps, tradicional loja de departamentos francesa, a marca esportiva Puma e a rede Fnac.
Gucci
Não resta mais ninguém de sobrenome Gucci por trás da marca fundada em 1922 porGuccio Gucci. A casa conquistou seu ápice com os mocassins e montarias nas décadas de 1960 e 1970, quando a Itália estava no auge da moda. Na década de 1990, Tom Ford revitalizou a grife. A parceria entre o italiano Domenico De Sole, nos negócios, e o americano Tom Ford, na criação, fez a Gucci renascer em 1994. Em torno dela se formou o segundo maior império de luxo do mundo, dono de dez marcas.
Não resta mais ninguém de sobrenome Gucci por trás da marca fundada em 1922 porGuccio Gucci. A casa conquistou seu ápice com os mocassins e montarias nas décadas de 1960 e 1970, quando a Itália estava no auge da moda. Na década de 1990, Tom Ford revitalizou a grife. A parceria entre o italiano Domenico De Sole, nos negócios, e o americano Tom Ford, na criação, fez a Gucci renascer em 1994. Em torno dela se formou o segundo maior império de luxo do mundo, dono de dez marcas.
À direita, oficina da Gucci em Florença, em 1953. À esquerda, Tom Ford em Bervelly Hills, em 2004 |
Alexander McQueen
Alexander McQueen se tornou um grande nome na Givenchy na década de 1990. Mas em dezembro de 2000, o grupo Gucci comprou 51% da grife McQueen. Assim, o estilista se despediu do antigo patrão e iniciou uma nova trilha. Era o que precisava para levar a teatralidade rock’n’roll de suas roupas para os quatro cantos do mundo. É assim que a memória de McQueen, morto em fevereiro de 2010, permanece viva. Sarah Burton, ex-assistente do estilista, é quem responde pela criação da marca desde a morte de McQueen.
Alexander McQueen se tornou um grande nome na Givenchy na década de 1990. Mas em dezembro de 2000, o grupo Gucci comprou 51% da grife McQueen. Assim, o estilista se despediu do antigo patrão e iniciou uma nova trilha. Era o que precisava para levar a teatralidade rock’n’roll de suas roupas para os quatro cantos do mundo. É assim que a memória de McQueen, morto em fevereiro de 2010, permanece viva. Sarah Burton, ex-assistente do estilista, é quem responde pela criação da marca desde a morte de McQueen.
Balenciaga
Para todos os nomes da alta-costura, o basco Cristóbal Balenciaga foi o mestre, antecipando as linhas do new look de Dior. Ele costurava só para quem acreditava que pudesse vestir bem seus modelos quase arquitetônicos – Jacqueline Kennedy foi uma das mulheres que recusou como cliente. Em 1968, a maison fecha e da marca só fica o cheiro, literalmente, em perfumes. Até que, em 1986, o grupo francês Jacques Bogart compra o nome – ou melhor, o sobrenome. Dez anos depois, contrata Nicolas Ghesquière como criador, com a missão de colocar a Balenciaga de novo no topo da moda. Objetivo cumprido. Desde 2001 a marca pertence ao grupo Gucci.
Para todos os nomes da alta-costura, o basco Cristóbal Balenciaga foi o mestre, antecipando as linhas do new look de Dior. Ele costurava só para quem acreditava que pudesse vestir bem seus modelos quase arquitetônicos – Jacqueline Kennedy foi uma das mulheres que recusou como cliente. Em 1968, a maison fecha e da marca só fica o cheiro, literalmente, em perfumes. Até que, em 1986, o grupo francês Jacques Bogart compra o nome – ou melhor, o sobrenome. Dez anos depois, contrata Nicolas Ghesquière como criador, com a missão de colocar a Balenciaga de novo no topo da moda. Objetivo cumprido. Desde 2001 a marca pertence ao grupo Gucci.
À direita, foto de vestido Balenciaga, em 1962. À esquerda, looks de Nicolas Ghesquiére, em 2006 |
Stella McCartney
Em 1997, Stella McCartney levou sua alfaiataria e feminilidade bem-humorada para a Chloé, ocupando a cadeira de diretora de criação, a mesma que Karl Lagerfeld havia se sentado por 20 anos. A parceria com o grupo Gucci foi o passaporte para a filha de Paul McCartney assinar sua própria grife, feita de roupas românticas e modernas.
Em 1997, Stella McCartney levou sua alfaiataria e feminilidade bem-humorada para a Chloé, ocupando a cadeira de diretora de criação, a mesma que Karl Lagerfeld havia se sentado por 20 anos. A parceria com o grupo Gucci foi o passaporte para a filha de Paul McCartney assinar sua própria grife, feita de roupas românticas e modernas.
YSL Rive Gauche
Yves Saint Laurent, discípulo de Dior, aposenta as agulhas da alta-costura em janeiro de 2002, depois de quatro décadas na moda. O homem que presenteou as mulheres com osmoking feminino sai de cena deixando claro que ninguém pode ocupar seu lugar. A maison de alta-costura fecha, mas o prêt-à-porter da YSL Rive Gauche continuou sob a batuta de Tom Ford. Em 2005, o italiano Stefano Pilati foi o nome escolhido para substituir Ford.
Yves Saint Laurent, discípulo de Dior, aposenta as agulhas da alta-costura em janeiro de 2002, depois de quatro décadas na moda. O homem que presenteou as mulheres com osmoking feminino sai de cena deixando claro que ninguém pode ocupar seu lugar. A maison de alta-costura fecha, mas o prêt-à-porter da YSL Rive Gauche continuou sob a batuta de Tom Ford. Em 2005, o italiano Stefano Pilati foi o nome escolhido para substituir Ford.
À esquerda, a releitura de Yves Saint Laurent para o smoking feminino. À direita, o elegante Stefano Pilati veste o clássico smoking masculino. |
Quem é de quem no mundo da moda?
Chanel, de Gabrielle a Karl
Na década de 1920, coube a Gabrielle Chanel o papel de libertar as mulheres das roupas apertadas e opressoras. A vontade de ser independente rendeu modelos simples e confortáveis, adornadas com pérolas falsas. Hoje Chanel pertence à família de Jacques Wertheimer. Há 20 anos, o alemão Karl Lagerfeld segue a filosofia da fundadora. Dá às criações o espírito do momento.
À esquerda, Gabrielle Chanel fotografada por Man Ray. À direita, Karl Lagerfeld |